"Encontrei-a nos corredores da tarde, na ardente canícula do meio-dia, nas esquinas, no sono, no canto dos muros. Reconheci-a na luz da manhã, na breve intensidade dos signos, nas faces dos mortos. Nos campos ou na cidade dura via, revia. vasculhei-a em velhas fotografias, em árvores genealógicas, em desconhecidas biografias, mapas, imagens, livros, cartas, paisagens, em apagadas memórias, na História do mundo: e lá estava sempre. Perscrutei-a nas dores, esperanças, amores, misérias, felicidade, mentiras. não era nada, estava tudo. Não era palavra, não era sopro, alma, Deus, não era poesia. Não tinha nome, nem sequer significado. Não tinha corpo, não era matéria ou forma, nem era vazia."
Encontros inusitados com os heróis da infância, choques e assaltos na descoberta da cidade, impulsivas paixões, desoladoras confissões do desamor, digressões sobre a metafísica e a poesia: tudo isso forma o mundo do personagem que em "Os Amores Móveis" nos convida a visitá-lo, abrindo para isso, de par em par, as portas de sua imaginária autobiografia. O convite está posto, cabe agora a você, caro leitor, aceitá-lo.
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Assis garceZ |