Solange Argon Bailarina, Coreógrafa e Arte-Educadora, graduada em Psicologia e pós-graduada em Desenvolvimento Humano e Linguagens da Arte. |
[...] Não o poder que aliena, deslumbra e massacra, mas aquele que nos ajuda a compreender que a brevidade do tempo é imperativa e está acima de tudo, da ciência, da fé [...]
Wittgenstein, em determinado momento da construção de seu pensamento filosófico, considerou que magia e ciência, como instituições sociais distintas, possuem regras e objetivos distintos, não sendo adequado, portanto, aplicar critério de verdade e erro ao raciocínio mágico e religioso. Segundo o filósofo, estamos culturalmente acostumados a uma predileção da ciência em detrimento da magia/religião e, no entanto, cada uma delas satisfaz a uma disposição mental. Nem sempre a ciência satisfaz com suas explicações e vice-versa, pois isso varia de acordo com a disposição mental de cada cultura.
Gosto dessa ponderação, pois acredito que ela ajuda a preencher alguns buracos que naturalmente ficam inabitáveis se nos inclinamos sempre apenas para um dos polos. Além disso, torna mais saboroso o conhecimento da cosmogonia e dos símbolos de alguns povos e religiões, como respectivamente bem descrevem, por exemplo, Mircea Eliade, em seu livro "Mito e realidade", e Jung, em "O homem e seus símbolos".
Solange Argon |
Então, como nos martela o velho ditado popular, se sangue de Jesus tem poder - e sem desrespeitar a crença, o tipo de crença e a descrença de cada um -, que ele (sangue) possa trazê-lo (poder) a nós. Não o poder que aliena, deslumbra e massacra, mas aquele que nos ajuda a compreender que a brevidade do tempo é imperativa e está acima de tudo, da ciência, da fé e inclusive desse período febril, como disse um amigo, pelo qual passa a democracia, seja nas relações virtuais, no corpo a corpo ou no plenário.
para VER!
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