Tudo aconteceu numa bela noite no reino dos céus, ou melhor, do inferno. Ele, o dito cujo, terror das multidões, o rabudo cruel, o chifrudo vermelho, ele mesmo: o Diabo, estava com fome o que já era de costume naquele horário – então um coelho como refeição.
- Quero mais! - gritou o Diabo.
Foi servido um cachorro (fila brasileiro).
- Quero mais! - disse - depois daquele tradicional arroto.
Veio uma vaca, que para os mais observadores era leiteira – e lá vai vaca com leite e tudo.
- Quero mais! - repetiu o chifrudo.
Já assustado, o servilão, acostumado com seu superior, murmurou:
Meu pai do céu! - e com temor, bradou aos outros servos:
- Tragam o elefante!
Mal chegou o elefante, e para espanto de todos - “krau!”- lá foi elefante; o marfim serviu pra limpar o dentuço.
- Quero mais! - falou o rabudo cruel.
- Não! não é possível, outra vez, não! - chama o pai dele! – gritou o servilão.
Não demorando muito, aparece um senhor de estatura mediana, calvo, o rosto um pouco enrugado e vestido em uma roupa toda branca.
- O que está acontecendo por aqui? - perguntou o pai do Diabo - senhor que acabara de chegar.
Quando o servilão começou a explicar, o chifrudo logo interrompeu:
- Quero comida!
- Meu filho, até um elefante você comeu, e ainda quer mais!? - falou calmamente o Pai.
- Que filho nada! - eu quero é comer! - e se começar com lenga-lenga, quem vai pra barriga é tu! – respondeu o malcriado Filho.
Nesse momento o ambiente ficou tenebroso, porém o Pai, experiente nesses assuntos, logo estabeleceu um diálogo com o fillho capeta; foi então nesse exato instante que apareceu o filho do Diabo – um rapaz aparentemente normal, se é que se pode chamar alguém de normal; contudo devia ter uns vinte anos.
- Que zum-zum-zum é esse pai? - perguntou o rapaz – a resposta veio como um raio.
Não te mete, sacana! aqui é conversa de gente grande, vai é estudar! e quer saber – vai tu e teu avô pra puta que pariu! “Brum!!”
E estavam os dois – avô e neto – no reino da terra.
- Valeu vô! - se despediu o neto seguindo rumo à universidade.
Ainda um pouco tonto da viagem, sentiu uma vibração na calça – era o celular – sua namorada nervosa perguntando pelo sumiço – pergunta logo respondida:
- Estava em uma tormenta no reino dos céus com meu avô e meu pai – disse o rapaz.
Foi?! tudo bem! estamos na praia, tá uma delícia, vem logo! te amo muito! beijo - e desligou.
É isso mesmo! ela na praia e eu no inferno; pensou o rapaz na entrada da universidade.
texto/arte: Assis garceZ
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