sábado, 21 de maio de 2011

cOnto






Ela.


Por descuido meu e dela, creio; suas pernas ligeiramente abertas mostravam algo que realmente tentei evitar olhar, mas, imantado com tal imagem, meu olhos insistiam em seguir naquela direção; a princípio pensei realmente em uma liberdade natural de bem-estar; minutos pareciam horas e não resistindo ao meu instinto, olhava mesmo que por segundos àquela imagem que crescia em sua significância; foi aí que aconteceu um fato novo, e por um breve momento, trocamos olhares cúmplices dessa situação, voltei minha atenção ao livro, embora, lê já não interessava mais; olhei novamente, sendo dessa vez de soslaio, e para aumentar ainda mais a taquicardia que em mim acometia, as pernas estavam mais abertas e a imagem que tinha visto anteriormente tomara tal proporção, que minha natureza observadora começou lentamente devorar cada minuto naquela sala; o que via era o contraste de uma pele alva em pernas torneadas, cobertas parcialmente por um vestido preto que para ela parecia muito confortável; eu, sentado quase à sua frente, indefeso, talvez a presa perfeita na posição exata para seus golpes quase fatais em minha mente totalmente desnorteada pelos ditos princípios morais da civilizada sociedade; e meus hormônios? meu libido? Não, não posso, tenho o controle, sou um ser racional, ético e social; será? Tem as leis. Leis!? leis, leis de quem? dos homens, lógico! os mesmos homens que condenam, cometendo os mesmos crimes; porém eles estão vestidos com o manto da justiça e da ordem; é a diferença, única diferença; pequena diferença que separa um cidadão comum – eu – de um intocável – Excelentíssimo Senhor Juiz – da condenação penal. Quer saber – que se dane as leis, afinal não fui consultado se concordo com elas. Agora, quem domina meus mais remotos instintos naturais do desejo é a fantástica imaginação, fértil imaginação - a taquicardia que até então me incomodava, deu lugar a deliciosa excitação – a transformação está completa - naquele ambiente, o ser libidinoso; e não mais o amedrontado pelas malditas leis e seus executores canalhas! o que importa é Ela; a imagem que na minha frente percebi também se deliciava com aquela magnífica situação – eu em pensamentos e ela com um  sorrizinho cínico, sorriso da dominação. Todas as cartas na mesa, o jogo tinha começado, meu membro endurecido até a alma e ela, ela; ela, simplesmente me olhando fingindo que escrevia; e igual uma borboleta sugando néctar – abria e fechava lentamente as asas, ou melhor, as pernas; isso mesmo, as pernas em uma hipnótica e deliciosa dança, foi nesse momento da observação das coxas, que me dei conta, que a excitação era alimentada de forma voraz pela cor – Cor! - a cor da calcinha que reluzia em contraste com a pele branca.

- Vamos! - disse minha namorada entrando na sala.
- Vamos. - respondi levantando do sofá.

Pra onde ir não importava mais, aquela adolescente no exercício pleno de sua bela natureza, já tinha me levado pra algum lugar de liberdade que não esse. Aqui!

                                                      
                                                                              texto/arte:  Assis garceZ




                                                                               

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