sexta-feira, 26 de agosto de 2011

dançAR / dancE


O IMPREVISÍVEL CONHECER



Com bom aproveitamento do espaço cênico, em uma nua cenografia composta unicamente pelo músico Manuel Pessoa, responsável pela intrigante e minimalista trilha sonora, e pelas cores - em sua essência, frias - da belíssima iluminação de Hernandes de Oliveira, o Núcleo de Improvisação com seus intérpretes – criadores: Donizeti Mazonas, Lu Favoreto, Suiá Burger Ferlauto e Vitor Vieira, costuram o imprevisível em tecidos de um figurino composto na casualidade do seguir, alinhavado no improviso em sempre descobrir - uma descoberta de si ao extremo, um verdadeiro desnudar. 




Um estar, aqui e ali, que propõe ao espectador amplo olhar do espaço cênico ocupado, não somente àquele onde acontece a ação momentânea do dançar. 
Do corpo, a exigência; não basta somente a dança em movimentos de plástica leveza; é necessário o corpo teatral; o corpo percussivo que entranha na música apresentada, criando o imprevisível fim.




Espetáculos Imprevisíveis”, belo espetáculo de dança com direção artística e preparação corporal da bailarina e coreógrafa Zélia Monteiro apresentado no Projeto Dança em Sampa - iniciativa da Divisão de Programação, do Departamento de Expansão Cultural, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Com certeza um destaque desse proveitoso projeto – muito bom!




fotos/textos: Assis  garceZ


terça-feira, 23 de agosto de 2011

para ouvIR! / to HEAR!


enSaio / pHoto esSay


NA SELVA DAS PERCEPÇÕES


Essencialmente interativa, a exposição Irmãos – O Xingu dos Villas Bôas, é um mergulho na selva imaginária de imagens possivelmente táteis de informações que imantam no visitante uma necessidade até mesmo arrebatadora em tentar adentrar em mundo intangível ou até mesmo inimaginável para muitos.
Curadoria: Marcello Dantas.



















Informações: www.sescsp.org.br

texto e fotos: Assis garceZ

terça-feira, 16 de agosto de 2011

entreVista - Diana Gilardenghi

 Acredito que a dança contemporânea hoje apresenta uma importante diversidade de propostas e métodos de trabalho em busca de novas pesquisas que apontam e vão ao encontro de uma dança mais autoral, livre de regras e aberta a múltiplos diálogos.

Divulgação
Diana Gilardenghi, natural da Argentina, iniciou seus estudos na escola Nacional de Dança e formou-se pelo Taller Del Teatro General San Martin, em Buenos Aires. Mudou-se para Florianópolis em 1992.
Atua profissionalmente desde 1978. Fez parte de grupos como Plastercaster, Duggandanza, Potlach e Ronda. Em 2000 foi selecionada para o Rumos Itaú Cultural com a coreografia “Crosta”, projeto que mapeou a dança contemporânea no Brasil. Recebe o Prêmio Klauss Vianna 2008 realizando “Um Duplo”
Atualmente trabalha no ensino da dança, ministrando aulas de Dança Contemporânea e Improvisação em Florianópolis(SC). Integra a Triz Cia.de Dança onde o grupo desenvolve sua pesquisa pautada na improvisação, explorando através de imagens, temas, conceitos ou estímulos surgidos de um interesse em comum.

A dança enquanto expressão artística tem no corpo o seu limite?
O corpo que dança busca novos estados e relações com o tempo-espaço, desafia seu corpo criando estratégias e estímulos que o ajudam a ampliar ou bem reduzir, comprimir o movimento; o acelera, pausa, dilata - o desafia a reinventar-se ampliando seus limites naturais anatômicos; se mescla e prolonga nos objetos cênicos - objeto-corpo, corpo-objeto.
Vídeos e novas tecnologias provocam um constante estado de fluxo, conexões, relações que estendem o corpo para além dos seus limites.

A busca por esse estado de fluxo e conexões com as novas tecnologias como extensão do corpo; até onde é uma condicionante em seu processo criativo?
Num aspecto mais prático e realista, se nós decidimos sobre o uso de um recurso,tão simples como o vídeo por exemplo, levando em consideração não só a parte de criação e composição mas de custo e viabilidade dos espaços de ensaio, nos condicionaria e demandaria numa infraestrutura maior de funcionamento de grupo, assim como de aprofundamento e maior conhecimento da tecnologia a ser utilizada.
No geral no nosso processo criativo usamos pouco as novas tecnologias. No entanto, pelo fato de existirem no nosso cotidiano, elas se fazem presentes ressoando em nossos corpos. Podemos lançar mão delas, nos dando possibilidades de escolha, fazendo paralelos, mas acredito que não é uma condicionante, bem como não restringe; ao contrário, estimula marcando as mudanças e avanços do nosso tempo.

A perda da sensualidade na dança em movimentos até mesmo bruscos em sua maioria, é uma realidade; tendência; fuga ou apenas limitação na criação?
Acredito que a dança contemporânea hoje apresenta uma importante diversidade de propostas e métodos de trabalho em busca de novas pesquisas que apontam e vão ao encontro de uma dança mais autoral, livre de regras e aberta a múltiplos diálogos.
É verdade que encontramos familiaridades em alguns trabalhos, com uma estética parecida, seja pelo uso da movimentação ou bem pela organização ou formato, mas me parece um reflexo, uma resposta do que existe, vemos e aprendemos, numa dialética entre homem e sociedade.
Abordagens e treinamentos de técnicas corporais são transmitidos e adquiridos nas aulas, padrões de movimento estes que muitas vezes são incorporados ao processo estético-criativo, no entanto se apropriar desta estética é uma escolha, uma identificação, um desejo de pesquisa que sem dúvida interessa ao criador que experimenta nesta ou naquela direção.
Por isto não me parece que seja uma limitação na criação e sim um caminho, que também fala do corpo como "local de inscrição dos discursos e representações culturais, que posicionam os sujeitos em lugares sociais específicos, por meio da construção de diferentes “marcas corporais".(LOURO, 2004).

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Em cOnto



QUE DIABOS É ISSO!?

Tudo aconteceu numa bela noite no reino dos céus, ou melhor, do inferno. Ele, o dito cujo, terror das multidões, o rabudo cruel, o chifrudo vermelho, ele mesmo: o Diabo, estava com fome o que já era de costume naquele horário – então um coelho como refeição.
- Quero mais! - gritou o Diabo.
Foi servido um cachorro (fila brasileiro).
- Quero mais! - disse - depois daquele tradicional arroto.
Veio uma vaca, que para os mais observadores era leiteira – e lá vai vaca com leite e tudo.
- Quero mais! - repetiu o chifrudo.
Já assustado, o servilão, acostumado com seu superior, murmurou:
Meu pai do céu! - e com temor, bradou aos outros servos:
- Tragam o elefante!
Mal chegou o elefante, e para espanto de todos - “krau!”- lá foi elefante; o marfim serviu pra limpar o dentuço.
- Quero mais! - falou o rabudo cruel.
- Não! não é possível, outra vez, não! - chama o pai dele! – gritou o servilão.
Não demorando muito, aparece um senhor de estatura mediana, calvo, o rosto um pouco enrugado e vestido em uma roupa toda branca.
- O que está acontecendo por aqui? - perguntou o pai do Diabo - senhor que acabara de chegar.
Quando o servilão começou a explicar, o chifrudo logo interrompeu:
- Quero comida!
- Meu filho, até um elefante você comeu, e ainda quer mais!? - falou calmamente o Pai.
- Que filho nada! - eu quero é comer! - e se começar com lenga-lenga, quem vai pra barriga é tu! – respondeu o malcriado Filho.
Nesse momento o ambiente ficou tenebroso, porém o Pai, experiente nesses assuntos, logo estabeleceu um diálogo com o fillho capeta; foi então nesse exato instante que apareceu o filho do Diabo – um rapaz aparentemente normal, se é que se pode chamar alguém de normal; contudo devia ter uns vinte anos.
- Que zum-zum-zum é esse pai? - perguntou o rapaz – a resposta veio como um raio.
Não te mete, sacana! aqui é conversa de gente grande, vai é estudar! e quer saber – vai tu e teu avô pra puta que pariu! “Brum!!”
E estavam os dois – avô e neto – no reino da terra.
- Valeu vô! - se despediu o neto seguindo rumo à universidade.
Ainda um pouco tonto da viagem, sentiu uma vibração na calça – era o celular – sua namorada nervosa perguntando pelo sumiço – pergunta logo respondida:
- Estava em uma tormenta no reino dos céus com meu avô e meu pai – disse o rapaz.
Foi?! tudo bem! estamos na praia, tá uma delícia, vem logo! te amo muito! beijo - e desligou.
É isso mesmo! ela na praia e eu no inferno; pensou o rapaz na entrada da universidade.


                                                                                     texto/arte:  Assis  garceZ

coisas de quem OLHA pro chão!

Assis garceZ

dançAR

ESTADOS  DE  SER


formas e conteúdos



Na cor da substância, sentir o abstrato, extrato do pensar que alimenta como fornalha a máquina de carne e osso; alimento imagético da vida onde a igualdade de ser está na pura e simples imagem da ausência. 




Ser, que na cacofonia de sentimentos recorre ao brusco e amável ato de existir; ser, que o som do pisar reverbera angustiante respirar do indesejado e querido, aquele que ao lado ou não, está. 





Querer não importa; é uma questão de adaptação ou falta de ação na busca de entender o outro, que com sua garganta seca, sem voz, exprime em gritos surdos, gestos transtornados – a dança; o conteúdo.





Será que o resultado seria o mesmo se estivéssemos nus; nus de peles artificiais; nus de artificiais conclusões; nus, sem ir ou vir. Nus.
O que é amar, o que é ódio ou repulsa, o que é ser; talvez como dizia o velho - “ser ou não ser”, palavras; signos. Um só; um são; um muitos; um nada. Substância corpórea animada sensível e racional – Ser.





Puramente sensual em um formidável contraste de perdas, enlaces, despedaçamentos e entrega - “Estados de ser”, coreografia apresentada pela Cia. Jorge Balbyns (SP), tem na interpretação dos bailarinos Jorge Luiz Balbyns, responsável pela coreografia e Pedro Ribeiro, trilha sonora sugerida, o estabelecimento de uma constante mutualidade de contemplação e incontemplação, sem que cada um abdique de sua real situação – submissão e poder. 






Na cenografia: uma cadeira, um livro e um par de sapatos; coordenação de Wilton Garcia e na produção Gabriela D'Elia. Excelente espetáculo!
















texto/fotos: Assis garceZ

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

nOta - dança


4ª MOSTRA LUGAR NÔMADE DANÇA

O Espaço Cênico O LUGAR abre suas portas para realizar a 4ª MOSTRA LUGAR NÔMADE DANÇA, incluindo em sua programação 15 espetáculos com companhias e artistas de diferentes cidades.
Organizada pela Companhia Corpos Nômades, que é subsidiada pelo 10º Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, será realizada a 4ª Mostra Lugar Nômade Dança no período de 19 a 28 de agosto de 2011. Incluindo em sua programação companhias e artistas de São Paulo e de outras cidades do Brasil, o foco da mostra é a investigação cênica em suas várias manifestações: Dança Contemporânea, Performance, Teatro, Música e Improvisação, representados nos trabalhos dos artistas e companhias: Marta Soares-SP, Cia. Domínio Público-Campinas, Avoa Núcleo Artístico – SP, TaanTeatro Companhia – SP, Gladis Tridapalli – PR, CIA.NÓSLÁEMCASA – SP e o Núcleo do Invisível – RJ.
Além dos espetáculos da Mostra, haverá a sessão MEIA-NOITE OLHO NELES nos sábados 20 e 27 de agosto, às 24h00. A programação é voltada a grupos, coletivos e artistas que tem como integrantes novos intérpretes-criadores, conectados de alguma maneira, com universidades ou projetos que envolvam a dança contemporânea e que acabam de iniciar seus caminhos investigativos cênicos. Nessas sessões teremos: Divinadança – SP, Grupo Palpita – Campinas, Cia. Vertigem – Campinas, Rogério Salatini – SP, Kamila Mesquita – Campinas, Barbara Malavoglia – SP, Núcleo Destempos- SP e Grupo Vitrais – Campinas.
Também compõem a programação da 4ª Mostra o TEA-TIME/HORA DO CHÁ, momento destinado à discussão e reflexão sobre os modos e maneiras de criar e difundir a arte. O evento receberá nos dias 20 e 27 de agosto às 16h, os artistas envolvidos na Mostra e o público interessado. No dia 27, antecedendo o bate-papo, ocorrerá a apresentação do Grupo de Improvisação dirigido por Cilô Lacava. Para encerrar a Mostra, após as apresentações do dia 28, haverá o show “PROJETO AXIAL para Dançar”.

GRUPO DE IMPROVISAÇÃO – Direção: Cilô Lacava- São Paulo – SP
Sábado dia 27 de agosto das 14 às 15h00 – entrada franca
No primeiro semestre de 2011, Cilô Lacava começou a reunir dançarinos organizando ENCONTROS para IMPROVISAÇÃO DE MOVIMENTOS no Espaço Cênico O LUGAR. A partir daí foi criado o grupo composto por Rosana Mariotto, Luci Lurico Oi, Marcelo Villares, Tarcísio Tatit Sapienza e Cilô Lacava. Conheceram-se através da dança como integrantes, durante muitos anos, do Grupo de Improvisação da professora MARIA DUSCHENES, introdutora do pensamento de Rudolf Laban no Brasil. O sentimento/pensamento que os une é a Arte do Movimento e a Dança e por estes motivos estão juntos novamente.
Este trabalho é dedicado para a D. MARIA, Artista e Mestra, com toda gratidão por sua vida e por sua Arte.
PROJETO AXIAL para Dançar” no encerramento da 4ª Mostra Lugar Nômade Dança. Dia 28/08 depois das apresentações que iniciam às 20h00.
O PROJETO AXIAL remixará seu repertório propondo uma JAM musical performática ósseo lubrificante, para brindar o último dia da 4ª Mostra no Espaço Cênico O LUGAR. AXIAL une eletrônico e orgânico, bem como o tradicional e o contemporâneo em pastilhas sensoriais. Um som inusitado e imprevisível cujo objetivo final é ser saboreado lascivamente. Recomenda-se pés descalços.

4ª Mostra Lugar Nômade Dança
Programação da Mostra – De 19 a 28 de agosto de 2011 – sexta e sábado às 21h e no domingo às 20h.

1ª Semana (19,20 e 21 de agosto)
Gladis Tridapalli “Samambaia: Prima da Monalisa” – Curitiba – PR.
Duração: 30 minutos
Cia. Domínio Público“Efemer@” – Campinas – SP
Duração: 30 minutos
TaanTeatro Companhia “Máquina Hamlet fisted” – São Paulo – SP
Duração: 45 minutos

1ª Sessão “Meia-Noite Olho Neles” sábados 20 de agosto às 24h.
Grupo Palpita “Muitas Coisas para um corpo só” – Campinas – SP
Duração: 20 minutos
Cia. Vertigem “A textura do sonho dentro da boca e as pequenas coisas que nos rodeiam” – Campinas – SP.
Duração: 20 minutos
Rogério Salatini“Flex!” – São Paulo – SP.
Duração: 20 minutos
Grupo Divinadança “DIE EHE (A União)” – São Paulo – SP
Duração: 26 minutos

2ª Semana (26,27 e 28 de agosto)
Marta Soares“Vestígios” – São Paulo – SP
Duração:40 minutos
Cia. Nos Lá em Casa“inFLUXOS” – São Paulo – SP
Duração: 31 minutos
Luciana Bortoletto“Desde o alicerce até o silêncio” – São Paulo – SP
Duração: 40 minutos
Núcleo do Invisível “PROJETO BRICOLAGE, Cartografia n 1 – metamorfose, corpo, histeria” – Rio de Janeiro – RJ.
Duração: 30 minutos

2ª Sessão “Meia-Noite Olho Neles” sábados 27 de agosto às 24h.
Kamilla Mesquita“Mulheres de pedra” – Campinas – SP.
Duração: 25 minutos
Bárbara Malavoglia “Coração Entreaberto” – São Paulo – SP.
Duração: 30 minutos
Núcleo Destempos “Retrato de uma Fronteira Intermitente” – São Paulo – SP
Duração: 20 minutos
Vitrais Grupo de Dança“Abri uma porta que até então não estava lá. De repente, caí” – Campinas – SP.
Duração: 30 minutos

Sessão “Tea-Time – Hora do Chá” sábados 20 e 27 de agosto às 16h. entrada franca

 por: Companhia Corpos Nômades