quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

epiDerme

 

[...] Não apenas pessoas e animais, mas até espírito e, acima de tudo, imagens podem habitar um lugar, então podemos ter uma ideia concreta do que concerne ao flâneur e do que ele procura. Nomeadamente, imagens, onde quer que se apresentem. O flâneur é o sacerdote do genius loci [ espírito do lugar]. Este transeunte despretencioso com sua dignidade clerical, sua intuição de detetive, e sua onisciência [...]
Walter Benjamim
Filósofo




Intericonicidade - me refiro às várias pontes de diálogo e discurso existentes entre os muros (dentro de seus contextos ou não) - as imagens "primária" (lambe-lambe) com interferências secundárias (físico-química e mecânica) e a fotografia dentro de uma perspectiva de transitoriedade das paisagens. E isso antecede a ressignificação! A tua fotografia, nesse processo, não fica na "superficialidade" do simples registro, vai além; ela penetra a "epiderme" desse organismo vivo que é a cidade, e a partir do teu flanar você tece uma espécie de narrativa imagética das paisagens e ao mesmo tempo se retroalimenta dessa transitoriedade, criando uma espécie de abrigo no ventre dessa urbanidade caótica.
Patrícia Arantez
Graduação em Educação Artística
 Pesquisadora em Arte Educação. Atriz e performer




[...]As fotografias são interessantes, remetem ao universo do urbano, como registro e recriação desse mesmo urbano, é o Brassai que tem uma série de grafites? você já viu essas imagens? pelo que lembro elas são belíssimas, pode de interessar, as fotos são muito bonitas. Eu fico me perguntando como se dá esse trânsito da rua, da existência dessas coisas como efemeridades urbanas - como parte da paisagem mutável do cotidiano - para esse universo da fotografia como objeto contemplável; me parece que é para visualização que você produz elas, não é? não é como simples registro, você busca um tipo de permanência, pelo acúmulo, pelo enquadramento, pelo deslocamento. O que é esse trânsito, esse diálogo daquele espaço com este espaço aqui do discurso visual. O que se produz no choque entre aquela intenção dessa imagem que foi colocada lá e o seu gesto de trazer ela pra cá, dar um lugar, um estatuto.

Juliana Gisi
Graduação no curso Superior de Pintura. Especialização em História da Arte do Século XX. Mestrado em Educação. Doutorado em Artes Visuais, linha de História,Teoria e Crítica de Arte. Autora do livro  "60/70: as fotografias, os artistas e seus discursos" 2015.  







RESSIGNIFICAÇÃO ICONOFÁGICA

Efêmera verdade perpetuada pelo signo

Não apenas uma reprodução, sim a fotografia da fotografia - recortes de paisagens urbanas, estabelecendo uma ressignificação da imagem outrora vigente através de uma nova composição norteada pela estética em função da existência de novos elementos advindos da intervenção de transeuntes ou outros artistas anônimos e intempéries comuns da efemeridade da fotografia estampada na parede da rua e, para isso, tudo nessa imagem degradada e/ou em torno dela como: textura da parede, rasgos do papel fotográfico, sombras, grafias; tudo que nessa   imagem está inserido passa a ter cada um, novo significante dentro do todo dessa nova imagem - um novo significado, um novo signo construído a partir do instante que a imagem é encontrada, até seu desaparecimento; instante que algumas vezes chega a duração de anos. Epiderme - efêmera transmutação perpetuada pelo registro fotográfico de imagens encontradas na rua, fruto do perambular de um flâneur (à deriva) pela cidade. 





























































































fotos:  Assis  garceZ


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

epiDerme - iconofagia

 


[...] Ao devorar imagens anteriores, toda imagem se presta a ser devorada pelas imagens futuras, impedindo-nos de alcançar-lhes um fundamento, um alicerce sustentável de significação.[...]
Norval Baitello Júnior
Doutor em Ciências da Comunicação e autor do livro "A Era da Iconofagia - Ensaios de Comunicação e Cultura



A cultura se constrói por sobreposição, acumulação, apropriação e reuso[...]



"A percepção da cidade implica em interpretar não apenas os signos explícitos, mas, especialmente, ater-se aos dejetos, ao efêmero, ao desprezado"
Walter Benjamin

























































































fotos: Assis  garceZ