quinta-feira, 30 de junho de 2011

dançAR

O PESO DO EMBRULHO
  
  
A leveza em carregar o pesado fardo em não se enquadrar na estética pré-estabelecida, a regra não seguida, ou renúncia adquirida; conflitos e confrontos  determinantes do fim; do equilíbrio.







 Caminhos expostos, impostos em movimentos que encontram no rompante do espaço, a dança que interpreta essa constância muda, silenciosa e surpreendente, escancarada em gritos corporais.





 No espaço cênico, além da criadora e intérprete Clara Rubim, de São Paulo, bananas, alimento não só do corpo, também de uma crítica ou pergunta, talvez. Assim é “Estudo sobre a magreza", excelente espetáculo de dança que na sua insustentável maneira de ser, questiona e encanta.







UM CORPO?




O corpo carnal; pra quê? Na presença da ausência, a imagem resumida em símbolos, índices e ícones. No corpo, o corpo, corpo completamente despido e faminto, faminto em representar.



O corpo manipulado e alimentado pelas referências, por se engolir. O corpo que no silêncio da música escreve poesias no ar em passos ritmados  com o corriqueiro ato de pisar. Um  corpo, apenas objeto, contudo indispensável à materialização da imagem necessária para auto-afirmação. O corpo em uma árdua, extenuante e extrema dança de guerra na tentativa de livrar-se do medo em olhar no espelho a ausência do seu reflexo. Impressionante performance “Qual nome disso?”  de Renato Cruz (RJ), com direção dele e Aline Teixeira, onde quem dança são os símbolos; do corpo ao corpo – apenas suporte.







TEMPO


No começo, o desabrochar, a dança leve das folhas ao vento iluminadas com o frio pôr-do-sol, porém, o tempo de todas as coisas que impregnam o cotidiano sonoro do dia-dia, entra e sai, vai e volta, deita, levanta; dorme e acorda sob as luz dura do meio-dia, todo dia; sempre. 
 


Como prêmio, o renascer inverso do passar, a volta sobres folhas que outrora flutuavam. Na mão o guarda-chuva, de proteção assume o papel de um inseparável acompanhante de apoio no cansado voltar. Leve dança, o sentar na espera do fim. 





 


Com criação, execução e trilha sonora de Daniela Alvares Beskow de São Paulo, e bela luz de Gustavo Guerra – “Poesia para outono”, belíssimo espetáculo de dança.


Textos/fotos: Assis  garceZ

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