quinta-feira, 8 de outubro de 2015

nOta - perfoRmance escritiva - Alexandre Lautert



EU NÃO

Alexandre Lautert

 

 

Assis  garceZ


Inspirado no conceito homônimo de Peggy Phelan (e a partir da proposta de Della Pollock), a escrita performativa é uma escrita que se expressa simultaneamente a si própria e a partir do que a motivou. Debruça-se sobre as representações usuais da vida social/performativa e dá especial atenção às artes performativas. Evoca mundos da memória, do prazer, da sensação, da imaginação e do afeto, e desconstrói as formações discursivas subjacentes (por isso, gosta da genealogia, investiga os palimpsestos). Relocaliza a citação (textos, práticas, discursos), expondo a acumulação de citações. É sempre uma re-escrita. Como no ritual, funciona no modo subjuntivo (o “como se”), e por isso, gosta de imaginar mundos outros potenciais. Também é subjectiva, nervosa, inquietada e, talvez, uma intervenção perigosa, porque estende o corpo, seu centro, que reage aos estímulos. Sendo assim, combina igualmente auto-biografia. É inconformada e consequente. Trata as culturas públicas mais como sujeitos que como objetos, como sendo socialmente construídos, em que os agentes são complexos e contraditórios. É uma retórica como força produtiva, gosta de fazer coisas acontecer (e, por isso, de ser lida). É uma atitude ética, política, estética. Por isso, entra na arena da contestação, e apela a um investimento afetivo, de quem está presente e que estará até ao fim.


Ricardo Seiça Salgado
  
Doutorado em Antropologia (2012) no IUL, na área dos estudos performativos (Visiting Scholar na NYU, 2009). É pós-graduado em Antropologia: “Património e Identidades”, pelo IUL (2002), e em “Culturas e Discursos Emergentes: da crítica às manifestações artísticas”, pela FCSH (2008). Licenciado em Antropologia na FCTUC (2000). 


Performance: Alexandre Lautert

Arte híbrida pela UTFPR

Arte cênica pela FAP












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