terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

para VER! nós





 Nós 


Dança em palavras - Músicas de sentimentos


"Nós é o jogo entre o engasgo, o expurgo e a culpa. O fluxo de tensões malfadadas que peregrinam pelas linfas doentes e explodem pelo oco da boca aftosa e solitária. O corte dos nós purulentos com a tesoura cega, surda e muda (herança familiar das mais preciosas), feito pelas mãos lamacentas que dormem no esgoto e devaneiam no mangue."
Solange Argon
Bailarina intérprete-criadora








A quebra de conceitos e pré-conceitos na música das palavras, proporcionando a percepção do não estabelecido, do não linear; expressão nua, nua de formas, de seguir. Nua. Pronúncia - música e dança, até quando música? Até onde dança? Afinal - começo, um meio ou fim? Palavras, lavra da alma, sílabas por sílabas; o som determinante dos passos, do estar ali, da teatralidade em danças de corpos; efêmero dançar dos corpos.
“Nós” -  um enlace corporal de sentimentos ritmados pela pronúncia; a cada letra, colorida pela persona, em cores sonoras do movimento por forças antagônicas, às vezes, convergentes exigindo dos seus criadores-intérpretes, Solange Argon e Guilherme Canto – também responsáveis pelo lúgubre figurino – um extremo entregar-se  regados pela dura e obscura iluminação de Gabriel Stippe e desenho de luz de Luiz Coelho, condizendo plenamente com os sentimentos avassaladores e complementares, expressos do conto homônimo de Luis Vassallo, que na sombra da luz reflete uma singular extensão cênica. Incomum sair indiferente depois de uma apresentação arrebatadora e sinestésica desse belo espetáculo de dança contemporânea.

Assis  garceZ

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